
(esta publicação estava agendada para dia 12,mas não resisto a publica-la já hoje)
Dia 12 de fevereiro é dia de Red Hand - luta contra a utilização de crianças como soldados.
Tive o privilégio de conhecer e ouvir, de vive voz, o testemunho de China Keitetsi.
Uma mulher outrora criança feita soldado e escrava sexual...
Uma mulher da minha idade.
Uma mulher que abalou convicções entranhadas em mim, que me fez tremer da cabeça aos pés.... a frase mais marcante do discurso dela:
"quando engravidei pensei: se eu sou um instrumento de morte, como posso dar a vida. Se esta coisa em mim é filho de tanta violência, como poderei cuidar dele... jamais poderei amar uma criança filha desta violência...(...)...no momento que o vi percebi que um amor maior nasceu em mim, que por ele dava ali, naquele instante, a minha vida, se necessário fosse..."
Não há dia em que não me lembre de China Keitetsi.
Destas suas palavras, ditas em tom calmo, pausado, sorriso nos lábios... como sorria... ontem, a propósito de uma conversa com alunas, voltei a falar dela.
E a lembrar-me de tantas violências e de como muitas vezes não temos esta coragem, preferindo despachar o problema. E de como esse despachar se torna um fardo demasiado pesado. Diz-se que violência gera violência. Mas, estranhamente, a violência também pode gerar um amor maior... corajosas as que conseguem trazer à luz do dia esse amor maior.
Por estes dias, China Keitetsi deve estar algures pelo mundo a divulgar a sua história, para acordar consciências, ou na Dinamarca, pais que a acolheu como refugiada, tentado recuperar anos perdidos com os seus filhos, frutos de uma violência maior, amados com uma intensidade infinitamente maior.
Deixo aqui o link de um vídeo da China a falar, ainda que de forma breve, da sua vida.
http://youtu.be/RmK-Ddi2Mos